Paixão inocente

Quando eu era criança - não faz tanto tempo assim - meu pai - saudoso radialista da Radio Jornal a Verdade Arnaldo Alfredo Fuhrmann -  costumava me levar para assistir jogos de futebol, onde ele era comentarista esportivo em Tubarão, já que trabalhava na Rádio Tubá. Minha mãe não gostava muito desta prática, pois dizia que futebol era coisa para meninos e estádio não era lugar para se levar uma menina. Cresci meio aos campos de várzea, aqueles campos sem nenhuma estrutura, pois o que mais tinha eram buracos e lama. Mas foi assim que aprendi a ver aqueles homens correr atrás da bola com vontade e determinação. 

Fui crescendo e aprendi a gostar da bola muito mais do que deveria uma garota. Passei a frequentar os campinhos de futebol - especificamente o que ficava na frente da casa da minha avó - levei caneladas, amarguei banco, mas estar ali já era gratificante. Me apaixonei pelo Avaí, fui para os estádios e hoje a Ressacada é meu campinho. Fico no banco de concreto, na arquibancada, mas só isso me faz ser muito feliz. Cresci, virei mulher. Não sei em que curva da vida aquela inocência pelo futebol se perdeu, mas a paixão continuou viva. Aquela menina que frequentava os campos de várzea com o pai ficou para trás, mas levou consigo, dentro do peito a paixão pelo futebol e aprendeu a respeitar a bola como um objeto que era capaz de lhe trazer muitas alegrias.

Essa semana a declaração* de Leandro Silva, capitão do Avaí, após o jogo trouxe de volta aquela menina que estava esquecida em alguma curva da vida, acendendo a verdadeira paixão, sem nenhuma pecuinha, sem nenhum preconceito e principalmente sem nenhum outro interesse no clube que não o futebol. É com essa paixão inocente de criança que quero armar meu espírito para o jogo de domingo na Ressacada e  convocar todos os torcedores avaianos. Obrigada Hemerson por me fazer lembrar bons e únicos momentos da minha vida. Obrigada Leandro Silva, por abrir este baú de recordações e me trazer a tona como num flash as informações de um passado que me serviram de base para amar e repeitar o futebol, mas principalmente o Avaí FC.

* - "Hemerson falou uma coisa essa semana que nos tocou muito. Que quando nós éramos crianças, nós jogávamos em tudo que é lugar, em asfalto, em lama e com buraco. E aqui não foi diferente, as coisas mudaram, mudaram, mas tinha quer ser como se a gente fosse criança. Nós tínhamos que ter gana para vencer e superar os obstáculos. E nós só venceríamos, se nós tirássemos essa pedra do caminho. E foi desse jeito." - Leandro Silva - clicRBS

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