Marcelino sempre foi um garoto elétrico e que cresceu fazendo diabruras pelas vielas onde morava lá em Ponta das Canas meio aos moradores e suas crenças. Quando não estava correndo atrás das pipas, estava na beira da praia correndo atrás das gaivotas e fazendo um griteiro ensurdecedor, porém era quando corria no campinho ao lado se sua casa com uma bola nos pés que todos podiam se dar conta do "feitiço" que menino sofria: o encantamento e a magia saiam dos seus pés. Para muitos o menino tinha o "demônio no corpo" e que ele estava embruxado segundo as crendices do vilarejo. Seu pai foi aconselhado a procurar um curandeiro que vivia na Praia dos Ingleses e que era capaz de curar doenças de outro mundo, e que com certeza conseguiria livrar o garoto daquele "demônio" que o possuía. Cansado de ver aquele comportamento estranho e tão diferente de outras crianças da comunidade Seu Natalício resolveu levar Marcelino para uma consulta para saber se algo poderia ser ser feito e até que ponto o menino estava enfeitiçado. Chegando na Praia dos Ingleses o pai relatou toda a situação e foi orientado a fazer o "ritual de passagem" que basicamente mandava esconder todas as bolas que tivessem em casa e evitassem deixar o menino muito tempo sozinho.
Ao retornar o pai fez tudo conforme o curandeiro pediu, porém o menino havia escondido dentro do oco de uma árvore uma bola, a qual em noite de lua cheia - devido a claridade - fugia para a praia e jogava feito um louco, fazia maravilhas com a bola e passou a ter mais intimidade, agilidade e tornando-se um verdadeiro craque. Passaram-se alguns anos e o o menino aos olhos dos moradores e suas crendices populares estava cada dia pior e seu pai resolveu retornar para conversar com o curandeiro da Praia dos Ingleses e informar-lhe que o tratamento não estava surtindo efeito. O curandeiro lhe disse que não teria mais o que fazer e que lhe indicaria um curandeiro mestre que vivia ao Sul da Ilha e que com certeza daria um jeito, que se ali não acabassem de vez com o feitiço então ninguém mais conseguiria. Marcelino seguiu com seu pai para conhecer o curandeiro Mor do Sul da Ilha e tentar fazer com que o "demônio" deixasse aquele corpo, que agora já não era mais tão pequeno, pois alguns anos haviam se passado.
Ao chegar lá no Sul da Ilha o pai contou todo seu calvário e disse que bastava ver uma bola que todo o encantamento aflorava. O curandeiro Melino ao ver toda aquela incrível magia diante de seus olhos, não pensou duas vezes, disse ao pai que o menino precisaria ficar ali com ele e que logo poderia voltar e buscá-lo. Seu Natalício assinou um papel dando autorização para que o menino permanecesse ali com o curandeiro e levou junto na algibeira algumas moedas para fazer o retorno para a sua casa. Marcelino por sua vez ficou no Sul da Ilha vivendo da maneira que mais gostava, fazendo diabruras com a bola. Mas o tempo foi passando e novos "endiabrados" foram chegando, os arredores estavam lotados com outros meninos que aos olhos do curandeiro eram verdadeiras fontes mágicas e que poderiam render. As chances de Marcelino foram diminuindo e já não podia mais correr atrás da bola como antes e muito menos mostrar sua magia nos campos. Aos poucos, o que era visto como mágico cedeu lugar a outros interesses e parcerias se cumprindo o prometido ao Seu Natalício: o feitiço se acabou e Marcelino pode retornar para casa, pois lá no Sul da Ilha a magia saiu dos pés e virou cabeças.
2 comentários:
Adoreiii ! Este é um causo tipico nativo, como as historias de bruxas contadas na ilha da magia, porem aqui relatado por uma bela gaucha. Adoreiii ! Muito bom.
A unica coisa engracada é que me pareceu já ter lido esta historia em algum lugar !!!! (rsssss)
Abracos
Marcelo Alves
Marcelo meu lindo, adorei teres me chamado de bela, espero que não tenha sido ironia... rsrs Porém errasse quando me chamastes de gaúcha, sou manezinha da Ilha, por isso essa intimidade com os causos e contos do Frankelin Cascaes. São as mentiras que contam por aí que acaba colando... rsrs
Beijao
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