21 de fevereiro de 2014

Avaí de Guaramirim

Foto: Felipe Silva - "seu Neco"
Com a mão direita agarrada ao alambrado, a mão esquerda no bolso de trás da calça e os olhos verdes fixos para dentro do campo, Manoel Prefeito de Aguiar volta 63 anos no tempo ao observar o time de camisas brancas com detalhes em verde, calções e meias vermelhos fazer aquecimento antes da partida.
- Bate uma saudade. Dá vontade de estar ali em campo – comenta.
Manoel, conhecido como “seu Neco” ou “seu Aguiar”, foi por 20 anos zagueiro (embora tenha não mais que 1,60m de altura) e capitão do clube que ele e um grupo de mais 12 amigos e familiares fundaram em Guaramirim, no Norte de Santa Catarina. Na hora de batizar o time, resolveram homenagear uma equipe de Florianópolis, distante 180km do local onde viviam. Continuar lendo
Nota blogueira: Conheça a história do Avaí de Guaramirim e o emocionante relato do "seu Neco, um homem apaixonado pelo Avaí, mas que nunca viu o Leão entrar em campo, ao vivo, apenas pela televisão. Uma história sensacional.

20 de fevereiro de 2014

Quem tem medo de um Conselho Deliberativo plural?

Poucos sujeitos apreciam a divergência, o debate, a contraposição de ideias. Muitos, aliás, tomam a divergência como ofensa pessoal. O homem, ser presunçoso e déspota por natureza, muitas vezes imagina que sua “boa intenção” – aquela mesma que pavimenta o caminho do inferno – e sua perspectiva de mundo são suficientes para formular ideias inatacáveis. Nos tortuosos caminhos da história humana, aliás, não foram raras as vezes em que indivíduos presunçosos e alegadamente bem intencionados buscaram impor seus ideais aos outros goela abaixo, reputando nociva a expressão de pensamentos divergentes. - Continuar lendo


A verdade sobre endividamento e crescimento do patrimônio do Avaí

Claudio Vicente
Texto interessante de Cláudio Vicente sobre a dívida do Avaí.
"Antes de passar à breve análise do comportamento das dívidas e do patrimônio do Avaí nos últimos anos, é importante ressaltar que iniciei a elaboração deste levantamento sem antever qualquer resultado das análises. Minha única preocupação era de ser absolutamente fiel à situação existente e o mais claro possível para que pudesse ser compreendido, mesmo por pessoas que não tenham um conhecimento mais profundo de gestão.


Importante também deixar claro que já fiz parte da administração do Avaí Futebol Clube, tendo cumprido a missão que a mim foi designada na ocasião. Como conselheiro, funcionário do clube, e agora apenas como sócio-torcedor, meu único compromisso foi e sempre será com o Avaí e seus torcedores. É neste contexto que faço esta análise, tão somente para que possamos juntos pensar nos erros e acertos do passado e no que pode ser corrigido para tornar o Avaí mais forte.
Para a análise me orientei por informações de uso público (os balanços que, por lei, o clube precisa publicar todos os anos), e concentrei-me no período de 2002 a 2012... (Continuar lendo)

18 de fevereiro de 2014

A maré não ajuda

Pescador é aquele sujeito que conhece a natureza, entende o mar, sabe olhar para a lua e ver a maré que vem, quando o dia é bom, traz alimento para a família e ainda garante o sustento da casa com o que consegue vender de peixes.
barcoMeu avô, um nativo e excelente pescador, só saía de casa para pescar quando fazia o checklist. Confiante, saía acreditando que voltaria com o cesto cheio. Porém por vezes retornava sem nada e quando interrogado pela minha avó do porque a pescaria não havia rendido, sempre respondia: “quando a maré não ajuda…”
O futebol está longe de ser uma pescaria, mas de qualquer forma tem sua rotina e muito a ser observado para que o time possa fazer sua parte, estando assim os cestos sempre cheios – pontos na tabela. E a lista de verificação no futebol é muito mais extensa do que a de uma pescaria, envolve muito mais situações a serem analisadas, pois qualquer deslize pode ser fatal – dentro e fora de campo.
No jogo Avaí x Brusque, na quinta passada, o que se viu após mais uma derrota – três consecutivas – foi muita insatisfação e torcedores com gritos de ordem contra jogadores e diretoria. Naquele momento queriam crucificar o “Judas” – cada um tem o seu, pois alguém precisa pagar o pato. Entendo que fica uma sensação de revolta e de impotência, onde nos vemos envolvidos sem saber para onde correr. Porém neste momento me vem a lembrança do processo de eleição em novembro de 2013, onde os que hoje atiram carne às feras foram os mesmos que sequer moveram uma palha pela mudança – sócios que não foram votar.
O sonho de ter jogadores de peso – Cléber Santana, Marquinhos e Eduardo Costa – fez o torcedor acreditar que a mudança estava acontecendo, que teríamos uma equipe imbatível e que todos os nossos problemas acabariam como num passe de mágica (vem aquela musiquinha na cabeça: “Organizações Tabajara”). Porém os problemas do Avaí estavam além de uma simples mudança de gestão. A continuidade se fazia necessária, pois o acúmulo das dívidas ultrapassavam os R$ 40 milhões e somente um presidente que havia acompanhado a gestão anterior seria capaz de colocar a mão no fogo, fazendo-nos crer que a situação estava sob controle. Para isso não foi poupado esforço e nem dinheiro em uma campanha que beirou ao ridículo com suas regras.
As mudanças prometidas não vieram, a pluralidade dentro do Conselho Deliberativo também não. As parcerias e os patrocinadores ficaram esperando para ver até que ponto poderiam apostar no Leão. Os atrasos salariais e as ações trabalhistas começaram a pipocar de forma mais abrangente, mostrando que muito do que se havia especulado eram verdades escondidas até então, por trás dos tijolinhos da Ressacada. O funil foi ficando cada vez mais fino, e já não havia como esconder do torcedor as duras penas que o nosso clube estava passando.
Alguns querem nos fazer crer que a culpa disso tudo é do torcedor que não tem ido ao estádio ou mesmo não estar associado. Porém diante de tantos problemas até mesmo o torcedor mais fanático passou a deixar de acreditar que alguma coisa poderia melhorar e que para apostar seu rico dinheirinho teria que ter em troca ao menos o resultado dentro de campo. E quando falo em resultado não me refiro apenas em vencer o campeonato, pelo contrário, falo em jogar com raça e determinação, como vimos no clássico de domingo. Quem vai ao estádio de futebol espera pelo menos que seu time faça um grande espetáculo, independente de resultado.
O Avaí desde novembro partiu para a pescaria apostando apenas no resultado das eleições e que o fato de que venceu “de lavada” como se ouve por aí, o faria dar continuidade no mundo de Alice, aquele das maravilhas. Acreditou que o resultado era a resposta de que o torcedor daria munição –associando-se – para pagar as contas. Infelizmente a diretoria esqueceu-se do principal: “Em mar que camarão dorme a onda leva” e se não tiver planejamento não adianta vir com o discurso do meu avô pescador, de que o “mar não está para peixe” ou que a “maré não ajuda”. Isso é conversa de pescador e aqui estamos tratando de futebol.

Dois pesos, duas medidas

Foto: Anderson Pinheiro
Dois pesos, duas medidas. Assim está sendo a maneira com que estão querendo fazer crer a maioria das pessoas. Sem querer fazer nenhuma defesa a qualquer jogador avaiano envolvido na confusão de domingo, as imagens deveriam ser analisadas antes de se fazer qualquer julgamento. 

Os jogadores alvinegros bateram e com isso houve o revide, porém o jogador Nem deu um soco por trás na cabeça do jogador avaiano, e bem ao lado estava o árbitro. Porém o árbitro nada mencionou na súmula da partida, relatando apenas como agressão um pisão de Eduardo Costa em Everton Santos que revidou com um chute nas pernas do volante avaiano.

Fonte: globoesporte.com

17 de fevereiro de 2014

Ah, para né ôôô!!!

Arte: Gerson dos Santos
Foi assim que o Avaí superou o Figueirense ontem, 16, as 18h30m no Estádio Orlando Scarpelli. Entrou com raça e com vontade de vencer, mostrando um futebol que não fazia desde o inicio do campeonato. Sem medo de errar, digo que foi sem dúvida a melhor partida do Leão.

Tirando o fato das agressões dentro de campo, o que infelizmente é o que sempre acontece nos clássicos - o que não deveria - a luta pela vitória foi imposta desde o inicio do jogo, dando ao Avaí superioridade em campo. A equipe mostrou que pode fazer mais sempre que quiser. Os jogadores se esforçaram e o resultado veio.

Voltando a agressão, ao que se ouve apenas o Avaí foi culpado pelo tumultuo e fez com que acontecesse toda a confusão. Marquinhos foi sim irresponsável diante da sua agressão ao jogador , mas ali não teve nenhum santinho. Mas como disse o Marquinhos: "Alguém tem que pagar o pato."

13 de fevereiro de 2014

Emerson Nunes está fora

Foto: Cristiano Estrela
O Avaí foi superado pelo Brusque e Emerson Nunes foi demitido. Agora vamos aguardar para saber quem será apresentado na sexta-feira.

Com um amontoado de jogadores perdido dentro de campo, o técnico não mostrou que conseguiria reverter a situação e após seis partidas deixa o cargo.

4 de fevereiro de 2014

Primeiro passo para o acerto

          (Foto: Marcelo Silva)
O pronunciamento prometido não saiu, mas o coordenador de futebol Chico Lins disse que as coisas não estão boas, mas em momento algum foi cogitado greve de jogadores. Depois de uma conversa, ficou acertado de que o salário de outubro de 2013 seria pago nesta terça-feira.

"Afirmo com a maior claridade: em nenhum momento houve a palavra greve, paralisação. Não estou aqui para mentir. O que poderia acontecer seria um voto de silêncio. A nota está comigo, pedimos mais 24 horas de paciência. Foi uma conversa muito clara, a gente está no mesmo barco. Mas está longe de estar bom."

“O pior regime, com exceção de todos os outros…”

Essa definição – ou algo aproximado a ela – é atribuída ao estadista Winston Churchill ao se referir à Democracia. Provavelmente serviu de resposta àqueles que apontaram, em algum momento histórico, todos os males decorrentes do fato de conferir à população – os destinatários do exercício do poder – a escolha de seus mandatários.
Essas mazelas, por evidente, existem em grande quantidade em um regime democrático. Inevitável que algo basicamente constituído por pessoas, com suas características próprias – humanas –, tenha como reflexos problemas e vantagens em razão deste fato. A avaliação da sua validade como sistema adequado a ser adotado deve ser realizada numa “balança” em que se meçam prós e contras.
A frase do estadista britânico ainda permanece como verdadeira. Não se verificou qualquer regime de poder que, nessa balança proposta, encontrasse uma proporção de vantagens superior às desvantagens maior que a Democracia. Isso não só pelo grau de legitimidade ao mandatário perante os administrados que oferece, mas também pela discussão que o processo eleitoral provoca, fazendo surgir pressões por melhores administrações.
Enquanto participei da Comissão que tinha a função de apresentar proposta de novo Estatuto para o Avaí pude notar que a maior divergência entre os membros se dava justamente quanto à expansão do modelo democrático do clube ao seu máximo, a ponto de permitir aos sócios que elejam, diretamente, o Presidente.
Alegou-se, além de outras coisas, que uma mudança deste porte representaria diferença não tão substancial à atual sistemática, dado que aos sócios já é atribuída a função de escolher o Conselho Deliberativo para que este escolha o Presidente que, invariavelmente, já se apresenta como integrante da chapa.
Entretanto, a eleição ocorrida em novembro último demonstrou que o simbolismo da participação e a possibilidade de uma candidatura com chapa aberta, sem candidatos a presidente, é possível. E foi a eleição de novembro que também deixou clara a vantagem da eleição direta.
O espírito de participação tomou os sócios que, depois de muito tempo, sentiram-se participantes do processo de gestão do clube, colocando na mesa (mesmo que virtual) inúmeros pontos de discussão que aparentemente se demonstravam fora de seus alcances.
A chapa vencedora e o Presidente eleito um mês depois também demonstraram, inequivocamente, absorver muitas das propostas apresentadas pela chapa opositora.
Boa parte de suas primeiras ações – aplaudidas em muitos pontos – se devem, além do mérito inafastável da sensibilidade administrativa dos eleitos, também à discussão que se promoveu durante o período eleitoral em que muitos assuntos vieram à tona como não se fazia em outros tempos.
Em uma dessas primeiras medidas merecedoras de aplausos, os presidentes do Conselho Deliberativo e do Clube receberam torcedores e blogueiros para um papo franco e aberto e deixaram “escapar” suas posições a respeito do tema: o Presidente do Conselho já se convenceu da importância das eleições diretas, mas o Presidente Nilton Macedo Machado ainda se mantém contrário à ideia.
Não tenho dúvidas de que este posicionamento é provisório. A história do Presidente Nilton é a de um magistrado, advogado e empresário atento às melhores práticas republicanas e democráticas.
Esse perfil, associado à sua percepção de que o processo de participação dos sócios no dia-a-dia do clube – resgatando-nos de um abismo entre a diretoria e o torcedor aberto nestes últimos anos – é inevitável e essencial, levará, não tenho dúvida, a uma proposta de Estatuto a ser apresentada à Assembleia Geral neste ano que já contenha as disposições necessárias à realização de eleições diretas para presidente do clube.
É o que mais combina com a história do Presidente. É o que mais combina com a história do Avaí que é, afinal de contas, “povo e gente”.

Por Adir Junior - sócio fundador da Conselharia Azurra

3 de fevereiro de 2014

Chega

Ontem tivemos mais uma grande decepção. Saímos ganhando de 2x0 e tomamos uma virada. Em relação ao estigma de que o placar 2x0 é assustador e é necessário fincar ainda mais as chuteiras em campo e correr atrás do resultado, concordo plenamente com o amigo Felipe Silva, porém... Sim, há sempre um porém, está bem na hora de começar a ver as coisas como elas realmente são.

Primeiro: não concordo que o Marquinhos seja o culpado de tudo que vem acontecendo e nem mesmo tenha sido o culpado pelo resultado de ontem, afinal, em campo são onze jogadores e não apenas um. E é exatamente por isso que não concordo com tanta reverencia ao ídolo. Acho que é muita "rasgação de seda" para um jogador que está sendo pago para jogar, ou seja, está ali para trabalhar. Ah, ele não recebeu, está com cinco meses atrasado? Pede prá sair. Não vou nem entrar no mérito da questão se ele é ou não ídolo, mas não faz mais que sua obrigação.

Segundo: A declaração dele alegando que quando o CS88 perdeu o pênalti não foi cobrado foi totalmente desnecessária - se é que é verdade. Na minha opinião apenas uma prova de que há alguma coisa muito estranha acontecendo. Marquinhos tem que entender que ele paga o preço por ser o ídolo de muitos avaianos. Veja, não disse que não é craque, apenas não o considero "meu ídolo", mas respeito aos que assim o consideram.

Terceiro e mais importante, temos um time excepcional, com a diretoria escolhida e apresentamos este futebolzinho medíocre, nos fazendo passar essa vergonha de perder para Atlético de Ibirama e Marcílio Dias? Não estou aqui menosprezando nenhuma equipe, mas acredito que somos superiores tecnicamente para perder seis pontos de maneira vergonhosa. Não adianta uma equipe que tenha Marquinhos, Cléber Santana e Eduardo Costa e apresentar esse futebol vazio. Ou os jogadores entram em campo de chuteiras - deixem seus saltos altos e briguinhas nos vestiários - e mostrem futebol dando sangue e suor ou peguem o primeiro ônibus que sai do Carianos e deixem de vez a Ressacada. Chega de palhaçada!

Para finalizar Emerson Nunes não tem condições nenhuma de estar na posição em que está. Arrumaram uma colocação para ele quando teve seus problemas cardíacos e eu até entendo, porém colocar nas mãos dele a responsabilidade de comandar a equipe do Leão é de uma falta de sensibilidade, uma irresponsabilidade sem tamanho. Espero que essa diretoria, a qual me fez rever conceitos depois da reunião com os blogueiros, tenha a decência e coragem de assumir as rédias dessa bagaça, dar um soco na mesa e dizer: CHEGA!!!

2 de fevereiro de 2014

Me dê motivos

Foi com alguma perplexidade que li, vi e ouvi nas últimas semanas Marquinhos Santos receber uma saraivada de críticas. Não que ele seja “incriticável” (existe, Pasquale?), mas não entendi exatamente qual o motivo para o camisa 10 ter sido tão questionado.
Deixa de ser corneteiro, toca aqui e vamos ser amigos (Foto: Cristiano Estrela/Agência RBS)
Em 2013, Marquinhos foi artilheiro do time na temporada, o que é uma novidade pra ele – nunca foi um goleador, tendo uma média aproximada de um gol a cada quatro jogos na carreira. Foi também, na minha opinião, o melhor jogador da equipe, protagonista mesmo depois da chegada de Cléber Santana ao elenco.
Questionar o desempenho técnico do camisa 10 me parece, portanto, algo completamente descabido, mesmo que sejam considerados os últimos jogos da Série B, quando todos – TODOS, até Cléber Santana – os jogadores caíram de rendimento. Sua forma física, sempre polêmica, varia conforme os resultados. Se o time ganha, ele emagrece. Se perde, ele engorda. Alô, M10, cuidado com o efeito sanfona, que faz mal pra saúde!
Sugeriu-se também que Marquinhos fez corpo mole na reta final da Série B, não sei com base em quê. Em todos os jogos da “fase negra” que assisti na Ressacada, vi Marquinhos esforçando-se, dentro de suas características (nunca foi um velocista, por exemplo). No clássico do 0×4 foi um dos poucos a correr, dando até carrinho no campo de defesa. Mas queriam o quê? Que ele fizesse cinco gols no segundo tempo? Acho que a falha dele foi não ter cobrado o pênalti que Cléber Santana perdeu – mais um que ele perdeu. Lembram 2012? – naquela partida.
Já citei Cléber Santana duas vezes e não foi por acaso. É porque há um terceiro absurdo nas críticas a Marquinhos, que é a de compará-lo a Cléber Santana e dizer que Cléber, sim, é um verdadeiro ídolo. É surreal. Temos dois grandes jogadores, ídolos, que todas as torcidas catarinenses queriam ter (não se façam de doces… vocês queriam sim) e não aproveitamos isso, mas sim criamos picuinhas e intrigas fazendo comparações sem sentido entre os dois. Por que, ó, céus???
Marquinhos é humano, erra e acerta, tem altos e baixos. Já jogou “cheinho” (como denunciou Renato Gaúcho), já fez partidas ruins, já mereceu críticas. E também já fez muito pelo Avaí, com passes, gols e atuações fantásticas. Os momentos bons superam, de longe, os ruins. E, gostem ou não, ele está jogando bem, cumprindo seu papel. É qualquer um que dá aquele passe pro gol do Cléber contra o Juventus, né? Tá bom.
*Felipe Silva - jornalista e especialista em Gestão da Comunicação Pública e Empresarial, colaborador do site Memória Avaiana e sócio-fundador da Conselharia Azurra.

Symbiosis avaianensis

Em clubes sem muita tradição, inexiste a mística da camisa 10. No Avaí, ela pesa. Sob o número em que nasceram as lendas Zenon, Adilson Heleno e Grizzo, Marquinhos Santos e Cleber Santana já gravaram também seus nomes na história. Podem ainda mais.
Ainda que não usem o mesmo número, jogam com ele. Carregam nos pés a responsabilidade de decidir o campeonato. Nas costas, o número pouco importa. Recai sempre sobre o 10 todo o peso de ser o craque. O Avaí tem dois. Se jogarem como um, em perfeita sintonia, fazendo jogadas e gols espetaculares tal qual na noite de quarta, teremos uma nova categoria mística na Ressacada: a simbiose da camisa 10. Se isso acontecer, segurem o Avaí. Se puderem.
Rafael Vidal Eleutério é estudante de engenharia de materiais na UFSC, dono do blog vidAvaí e co-fundador da Conselharia Azurra.

O placar maldito

Quando comecei a acompanhar futebol, achava bobagem o ditado que diz que “2 a 0 é placar perigoso”. Queria que meu time, se possível e se as regras permitissem, começasse as partidas sempre com 2 a 0 de vantagem. Mas, olha, vinha mudando de ideia desde bicicleta do Kadu, a Série A de 2009, quando deixamos de escapar o TÍTULO depois de permitir 823 empates por 2 a 2 depois de estarmos ganhado por 2 a 0, reforçou essa mudança de ideia e o jogo de ontem foi a gota d’água. Chega! Xô, 2 a 0! Se estiver ganhando por 1 a 0, ou arma o ferrolho lá atrás pra segurar o resultado ou deixa o adversário empatar e tenta fazer depois o 2 a 1. Dois a zero não, nunca, jamais! Some daqui, excomungado!
O 2 a 0 é um placar tão perigoso e ardiloso que ele nos faz desviar o foco para não discutirmos sua periculosidade. Gastamos tempo debatendo o porquê de Betinho – e não Marquinhos – ter batido o pênalti que faria o 3 a 0, questionamos por que Emerson Nunes tirou Tinga do time, indagamos o que Felipe Alves ainda faz comendo, bebendo e gastando copo plástico da Ressacada, reclamamos que nossos zagueiros são horríveis e ficaram os dois assistindo um centroavante ANCIÃO cabecear sozinho um cruzamento vindo da intermediária, criticamos Diego por seu bracinho de tiranossauro quando, no fim, a verdade, nada mais que a verdade é: 2 a 0 é um placar perigoso.
O 2 a 0 é um placar tão manhoso e sagaz que ele nos faz acreditar que nada pode dar errado. Ora, como poderíamos perder um jogo se vencíamos o jogo por 2 a 0 com dois gols de Betinho, um atacante que fez 1 gol em 20 jogos em 2011, 3 em 26 em 2012, 6 em 31 em 2013 e, em 2014, já está com 3 gols em três partidas? Só poderia ser um sinal de vitória, claro. Engano nosso. Como é sorrateiro esse 2 a 0!
Passaremos a semana, ou pelo menos até a partida de quarta, lembrando de lances como o pênalti que Marquinhos perdeu sem ter batido, a bola que Marquinhos entregou no meio e que resultou no terceiro gol deles ou a dupla de Marquinhos da zaga assistindo, sem pagar ingresso, a Schwenck cabecear no canto do goleiro Marquinhos, mal posicionado. Bobagem nossa. O lance capital ocorreu aos 38 minutos do primeiro tempo, quando Betinho fez o segundo gol. Estava definida naquele momento a nossa derrota.
E não me venham dizer que houve muitos jogos em que abrimos 2 a 0 e vencemos. São apenas exceções que confirmam a regra.
*jornalista e servidor do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), colaborador do site Memória Avaiana e sócio-fundador da Conselharia Azurra.