13 de dezembro de 2012

Futebol Profissional: gestão com planejamento

Planejamento estratégico e gerenciamento de projetos são assuntos que deveriam estar sempre presentes nos clubes de futebol. De forma bastante simplificada, é necessário que os gestores definam ao menos em que situação o clube deve estar e quais são os objetivos para o time em determinada data, com metas claras e mensuráveis. Será que todos os dirigentes realmente sabem quais são os objetivos para o seu clube para os próximos dois anos? Naturalmente alguns pensarão que o objetivo principal é o de ser campeão, ganhar, mas ganhar exatamente o que? Chegar a um faturamento anual de quanto? Ter condições de manter que nível de time para a próxima temporada?

Ganhar todos querem mas títulos muitas vezes são apenas consequências de todo um trabalho. Então se define o que será feito para que os objetivos estabelecidos sejam alcançados, quais serão as atividades necessárias e como serão medidas. Isso tudo faz parte de um plano, de um planejamento estabelecido e conhecido por todos. E este plano deve ser abrangente, a ponto de estabelecer o nível desejado para o time, seja em aspectos físicos, técnicos, comportamentais, financeiros e demais. Definidos os objetivos, as atividades devem ser constantemente monitoradas, controladas, documentadas, e então, baseados nos resultados obtidos, deve-se tomar ações corretivas e principalmente preventivas, de forma a minimizar as chances de ocorrência de riscos, que já deveriam ter sido identificados com antecedência.

Muito importante nisso tudo é um trabalho sério de integração e organização, que deve ser realizado pelos gestores do departamento de futebol, algumas vezes em conjunto com os gestores das demais áreas relacionadas, como RH, finanças e marketing, pois o que se vê é uma situação em que os clubes não têm planos bem definidos, seja para premiação, para motivação dos atletas ou para campanhas de marketing mais efetivas, além de dificilmente conseguirem avaliar adequadamente seus jogadores e então não sabem como estão, onde querem chegar, se estão melhorando ou piorando e só terão estas respostas tardiamente, quando os resultados no fluxo de caixa e principalmente dentro de campo começarem a demonstrar problemas que já deveriam ter sido diagnosticados e resolvidos com muita antecedência.

Deve ser feita ainda uma análise dos possíveis riscos, identificando os impactos de cada um deles e já trabalhar visando reduzir a chance de problemas futuros, definindo um plano de respostas.Tudo isso pode parecer muito difícil para alguns gestores esportivos atuais, porém esta é a realidade e parte da receita de muitos projetos e empresas de sucesso. Há muito mais a se fazer mas é imprescindível que haja ao menos planejamento se houver a intenção de se administrar seriamente um clube de futebol. Ocasionalmente podemos até encontrar alguns gestores dizendo que têm planejamento estratégico em seus clubes, mas os próprios funcionários e demais colaboradores desconhecem, e se o plano, que define o objetivo, não é conhecido, como é que estes colaboradores saberão quais atitudes tomar para levar o clube ao caminho desejado, quando o objetivo não é conhecido? Em resumo, quem tem um plano e não divulga, na verdade não tem plano algum. Vale para qualquer empresa e vale para qualquer clube.

Por fim, quando se fala em algumas das boas práticas de gestão, alguns acabam pronunciando uma frase que ouvi várias vezes, atuando em um dos grandes clubes do país: “Ah, mas no futebol é diferente”. Sim, futebol é diferente, assim como um banco é diferente de uma fábrica de sabonetes. Naturalmente cada atividade tem as suas particularidades, mas são diferenças que não podem impedir um clube de se planejar, de monitorar o trabalho executado, de corrigir rumos organizadamente e de lutar para alcançar metas previamente definidas. A tecnologia, quando bem empregada, pode ser uma grande aliada no planejamento e no monitoramento e controle das atividades em um clube de futebol, porém mais do que tecnologia, pra fazer tudo isso é preciso que haja principalmente vontade. Eduardo Moraes - historiador e contador

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