27 de dezembro de 2012

O que aconteceu na reunião do CD?


A Conselharia, pelo o que o próprio nome indica, já nasceu da ideia de que o “Conselho” seria o espaço em que as discussões em torno do Avaí deveriam se dar. É ali, imaginamos todos nós, que o diálogo, as proposições, as teses e antíteses devem “dar as caras” para que tenhamos sínteses bem formados em favor daquele que é o amor de cada um.


Além disto – e POR isto – procuramos, na medida do possível, fazer-nos representar em cada vez maior grau na composição do Conselho Deliberativo (CD) do clube, ainda mais quando visualizamos na forma de ingresso regulamentada pelo Estatuto do clube uma porta aberta para a participação efetiva nos desígnios desta que é a instituição esportiva mais importante do Estado (Pra nós é, e não incomoda, ô “doladelá”...).

Basta a indicação de um outro conselheiro, uma votação por maioria simples (a maior parte da meia dúzia que vai sempre) e... tchanã! Lá temos nós direito a voto e uma vaga no estacionamento (a nós importa o primeiro, mas como bem lembra o amigo Felipe Matos, corte o segundo para ver se não teremos uma verdadeira revolução – e quem sabe uma reunião em que pelo menos 50% dos conselheiros se apresentem...).

Fica aí, inclusive, um convite para quem quer ver representadas as suas angústias: venha para o Conselho. A gente garante a indicação.

Somos em três os conselheiros do CD do Avaí que usam a camisa do Einstein linguarudo, e ainda temos uma indicação pendente (esperamos que para a próxima reunião). Temos um pensamento em comum: o que acontece ali é do interesse de todos os sócios do clube e não apenas dos participantes da reunião. Não há código oculto, como já se aventou, ou qualquer “cláusula de confidencialidade” que nos afaste desta ideia. Se em algum dia, visualizarmos uma remotíssima hipótese em que a divulgação do que for tratado ali vier a prejudicar o clube, tenham certeza, nosso bom senso imediatamente se fará presente para que “ocultemos” o tema. 

Não foi o caso, pelo menos até agora.

Assim, sentimo-nos na obrigação de apresentar para o torcedor nossas impressões do que aconteceu na sexta-feira última, véspera de feriado, penúltima semana do ano.

Aliás, é bem nisto, na escolha da data, que já começamos a nos coçar. Você percebeu que esperamos alguns dias para publicar este texto, certo? Sabe por quê? Porque queremos leitores. Porque queremos que a maior quantidade de possível de pessoas tenha acesso, opine, discuta o que aqui está exposto. Sabemos que se postássemos durante o feriado, seria possível ver rolos de feno (tal qual os filmes de faroeste) rodando nas linhas de comentários vazias.

A prática de marcar reuniões para vésperas de feriado não nos atinge. Verifique as atas de reuniões e veja que os “malas” estão sempre por lá. Mas nos incomoda. Muito. Denota uma intenção velada de que o quórum se mantenha baixo – tal qual historicamente tem se dado – com o intuito sabe-se lá de quê. 

Quanto à reunião, especificamente, teve seu início no edital de convocação, enxutíssimo, com apenas um item de pauta: aprovação (ou não) do orçamento para 2013.

A reforma do estatuto, objeto de reunião em março deste ano, com minuta apresentada, prazo marcado para apreciação e COMPROMISSO da realização de nova realização IMEDIATA foi olimpicamente ignorada. Apresentou-se a justificativa de que o que ali se apresentava seria uma reunião ordinária e para esta os itens de pauta estão previstos taxativamente no estatuto. 

Vá lá, razoavelmente plausível. 

Mas isto não justifica não haver uma, duas, três, quantas reuniões extraordinárias fossem necessárias nos meses anteriores para tratar do assunto, já que se apresentaram (também por nós, mas não só por nós, da Conselharia) propostas pormenorizadas de alterações na minuta, exposições de motivos, proposta de cronograma e de metodologia de deliberação e inúmeros requerimentos de urgência, por todos os meios possíveis.

Consideramos todas as justificativas e respostas dadas a cada um destes documentos vagas e descompromissadas com o bem maior do clube. Não visualizamos qualquer item dos discutidos que afronte o interesse de quem quer que seja para tanta demora. Sequer elucubrações a respeito de má-fé conseguimos imaginar. Não haveria razão para isto.

Levantamos o tema da reforma do estatuto logo após a leitura da ata da reunião anterior, o assunto, e, após justificativas vagas, ao menos conseguiu-se a marcação da reunião para o dia 22 de janeiro próximo, com o que satisfizemos muito superficialmente.

Após isto, algumas surpresas se apresentaram. As presenças de Cláudio Vicente e Alexandre Espíndola, homens que já deram cartas em alguns setores do clube, e que se mantêm conselheiros, foi interessante para que o foco da “gurizada impertinente” se dissipasse. 

Após a apresentação da funcionária Lourdes, estes dois conselheiros apresentaram – o primeiro com a habitual preocupação que tem demonstrado desde que saiu dos bastidores do clube e o segundo com uma clara e expressa intenção de representar um grupo, que não identificou, e que teria interesse em assumir a gestão do Avaí no próximo ano – interessantíssimos contrapontos que mereceram discussões importantes e producentes entre os demais conselheiros e enriqueceram bastante o debate.

Mereceram também o já tradicional discurso justificador-emotivo exarado pelo funcionário (do Avaí e do Laboratório Santa Luzia) Nerto Machado, que apresentou algo que pode ser resumido em “se vocês não aprovarem isto que está aí, não conseguiremos trazer o Cléber Santana de volta, ganhar o estadual e ir para a série A”.

Ocorre, amigos torcedores, que a situação do clube, por tudo o que se apresentou, não nos permite que sonhemos montar um time que volte para a série A, e ganhe o estadual (pelo menos não sem uma dose de sorte) ou trazer o Cléber de volta. Estamos indo a passos largos para uma “juventudilização” uma “payssandulização” ou uma “santacrulização” do Avaí. Escolha, os exemplos são fartos.

Dívidas que se alargam a cada ano e nos deixam cada vez mais dependentes dos bolsos daquele que tem a função, justamente, de administrar o clube a ponto de deixá-lo independente do seu próprio bolso, tornaram o orçamento avaiano uma peça de predição de falência. Orçamentos otimistas e realistas, contam com uma boa dose de fé e, ainda assim, precisam de uma injeção de 7 milhões de reais a serem obtidos a altas taxas de juros junto a bancos ávidos por este poço sem fundo para que se dê uma “aparência de equilíbrio” às contas do clube.

Por estes motivos seis conselheiros (dos 10% que compareceram), entre eles todos nós da Conselharia, votamos contra a peça orçamentária, entendendo mais adequado à realidade do clube a formação de uma comissão de conselheiros e até, porque não, sócios, com vistas a reformular a peça e empregar uma política austera e pés no chão para o ano que se segue, com ampla divulgação das intenções modestas, de resgate da saúde financeira do clube.

O exemplo do Flamengo, levantado durante a reunião, não se aplica ao nosso caso. Temos uma dívida muito menor, mas proporcionalmente equivalente. Além disso, não temos a capacidade de alavancagem de recursos nem a cara de pau do clube carioca de contrair novas dívidas milionárias como se “não houvesse amanhã”.

Fomos vencidos na votação. Não apenas nós da Conselharia, mas, acreditamos, todos nós, avaianos. E por uma derrota perene e gradativa. Se nada for feito, o pior está por vir. A menos que apareça um novo Neymar na Ressacada., já "pensassi"?

2 comentários:

Caros , caso o orçamento feche dentro do planejado, este novo rombo de 7 milhões (mais juros e correção ) elevara para quanto o total acumulado da dívida do clube? E quanto deste total acumulado é do credor João Nilson zunino?

Marcos

Marcos,

Não se sabe bem quais os valores da dívida do Avaí com o Zunino. Claro que o clube precisa pagar o que ele colocou ali, por outro lado melhor seria que isso fosse mais transparente.

Quanto a dívida do Avaí só saberemos o valor exato quando for divulgado o balanço de 2012 - abril ou maio 2013. No ultimo balanço de 31.12.2011 a divida era de quase DOIS MILHÕES (1.996.856,14) em empréstimos bancários a pagar com vencimentos em 2012.

Sabe-se que a situação atual levou à necessidade de o presidente colocar dindin do próprio bolso no Avaí, coisa bastante normal no futebol brasileiro, embora não seja certo. Essa atitude só vem provar que a administração não vai bem.

Entretanto, já que foi feito, é justíssimo que se devolva o dinheiro, mas para o bem da transparência e das partes envolvidas (clube e o patrocinador master do Avaí, o Zunino), é importante que se esclareça o que se deve, quais as condições para o resgate da dívida e prazo para isto, sem que nenhum elemento de "amor pelo clube" seja considerado, porque esse amor se esvai no dia seguinte em que o sucessor eleito seja, por exemplo, um opositor à sua gestão.

Abs
Carmen